Os nós dos
meus dedos encontravam o braço da cadeira de forma rítmica, acompanhando os
batimentos do monitor cardíaco.
Pi...pi...pi
- Você sabe me dizer que horas são? – A voz veio do
homem deitado na cama ao meu lado.
Com um pequeno clique abri meu relógio de bolso e
observei seu movimento rápido e preciso.
Ele era formado basicamente por cinco círculos, de tamanhos diferentes,
girando um sobre o outro. Milhares de números estavam gravados em volta deles,
com pequenos ponteiros. Uma completa loucura.
Parei
pensativo, analisando o circulo menor à esquerda, e então olhei para o relógio
de parede do quarto do hospital.
- Meia noite em ponto, Vincent.
Ele apenas
suspirou. Estava cansado.
- Quer alguma
coisa? – Perguntei.
- Tempo.
- Tempo para
que? Melhorar?
Uma risada rouca se prendeu na garganta do velho.
- Melhorar eu sei que não vou. Eu queria era tempo
para dar uma volta no parque. Estou entrevado nessa cama há oito anos, e o mais
longe que eu fui foi a sala de raio x no fim do corredor. E eu sei que vou
morrer sem sair dessa cama dura.
Olhei complacente para o senhorzinho ao meu lado e
então encarei novamente o objeto em minhas mãos, o ponteiro estava completando
sua volta.
- Pensando bem, talvez eu queira um copo.... – Ele não
chegou a completar sua frase. Uma explosão de barulhos seguiu, desde o
“piiiiii” interminável do monitor, até enfermeiras afobadas trazendo um desfibrilador, que inutilmente era
aplicado no peito do homem, fazendo seu corpo pular e pular seguidas vezes sem
resultado.
Levantei calmamente a coloquei meu relógio no bolso.
- Está pronto para ir Vincent?
A figura ao lado da cama estava atordoada, olhando para o
próprio corpo. A sensação devia ser péssima.
- Ir para onde? Como você sabe meu nome?
Ah, sempre as mesmas perguntas.
- Vamos para longe, garanto que vai gostar. E eu sempre sei
de tudo Vincent.
Ele então abaixou a cabeça, consternado. Por um momento
pensei que ele iria se revoltar, como muitos faziam, tentar me bater ou até
mesmo voltar para o próprio corpo. Mas a pergunta que veio em seguida me
surpreendeu:
- Podemos passar no parque antes?
Vou começar a cobrar meus créditos como batizador dos textos u_u
ResponderExcluirMuito bem escrito, Renata! E bem escolhido o título ^^
ResponderExcluirObrigado pela parte que me toca! ohohoho
ExcluirHeheh! Tenho que concordar com a Pri.
ResponderExcluirE sim, Leo, os namorados são devidamente homenageados nos agradecimentos dos livros e citados como inspiração. ^^
Aaah obrigada meninas! \o/
ResponderExcluirE o Leo já é o revisor e batizador dos meus textos! Hahahaha