Todos falam em linha do tempo, grandes personalidades históricas, progresso e fazer história.
O menino ficava sempre fascinado quando ouvia seus professores contando o que parecia uma grande história, mostrando de forma lógica e contínua como a humanidade chegou aos dias de hoje. Achava muito inteligente a forma como todos conseguiam empreender tal intento.
Até que um dia percebeu que a história, na verdade, estava mais para uma árvore que para uma linha do tempo.
A humanidade teria começado pequena como uma semente. Ao brotar e crescer, ganhou os primeiros galhos e multiplicou suas folhas. E de início era apenas isso.
Quando seu caule enrijecia, e as estações se sucediam impetuosamente, seus primeiros galhos secaram. Natural, como em toda a árvore. Mas novos galhos brotavam, e a árvore do tempo seguiu crescendo.
O que menino mirava nesse momento era a árvore tal como se mostra hoje: imensa, repleta de infinitos galhos e folhas. Era o que ele havia acessado e estudado a vida toda. Mas e os galhos que secaram séculos ou milênios atrás?
O mistério estava naquilo que não chegou até o presente. Todos estudavam o início do cristianismo e da Igreja católica, mas e as outras religiões que existiam na época, e secaram sem mais gerar frutos? Até hoje falam das grandes batalhas e guerras, mas e os destinos dos soldados, das vítimas e das famílias de ambos os lados, quem sabe? Vivemos o que os vitoriosos fizeram do mundo, mas o que seria dele se fossem eles os vencidos? Quantas histórias se perderam no tempo, nem por demérito, mas por acaso?
As histórias se perdem todos os dias, a cada noticiário. Noticiam-se algumas mortes, deixam de noticiar outras mil, e outras mais de mil vidas. Ouve-se de algo distante, e alheia-se do que é vizinho.
E assim segue o traçado da História: galhos são secados ou sacados, outros são brotados.
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