O fino papel
quase desmanchava entre seus dedos. Olhando para cima conseguia ter uma das
visões mais bonitas que se lembrava: uma árvore com galhos secos, repleta de papéis coloridos, que tomavam o lugar de suas folhas. Os papéis se entrelaçavam e ocupavam o espaço um do outro na tentativa de ficar no galho mais alto. Cada um deles estava carregado de desejos para o novo ano, e os que estivessem mais perto do céu teriam mais chances de se realizar.
- O que você
pretende escrever nesse papel jovenzinho? – Um senhor sentado no meio-fio
perguntou.
- Meus desejos
para esse novo ano.
- E quais são
eles?
Ele não sabia.
Nunca sabia o que queria fazer ou mudar em sua vida. Nunca sabia o que esperar
de um novo ano.
- Quero consertar
meus erros. - Arriscou.
- Você não
pode mudar o que já aconteceu. Tudo o que realizou, para o bem ou para o mal,
fez o que você é hoje. O que mais nós somos além de um amontoado de memórias e
cicatrizes?
- Então eu vou me tornar
um homem muito rico.
- Mas você também não pode
prever o futuro não é? Apenas desejar, sonhar e manter isto em mente.
- Então o que eu posso
fazer?
- Você pode usar o que
você tem agora, nesse exato momento. O agora é tudo o que possuímos. O passado
se foi e não podemos viver nele, pois se o fizermos viveremos apenas de uma
eterna nostalgia e repreensão. Também não podemos viver apenas pensando no
futuro e esquecer que na verdade nossa vida está passando diante dos nossos
olhos enquanto esperamos por algo que não sabemos se vai realmente se realizar.
- E o que é o
presente?
- É esse segundo.
- Agora?
- Agora aquele
segundo já virou passado.
- Mas é rápido
demais! Como você quer que eu faça algo em um tempo tão curto?
- Como eu disse,
você sempre tem o agora e somente ele.
- Ou seja, nada
está realmente em minhas mãos.
- E ao mesmo
tempo tudo está. – Completou o senhor.
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